quinta-feira, 8 de julho de 2010

HOLOCAUSTO VASCAÍNO

HOLOCAUSTO VASCAÍNO

CAPÍTULO I
Rio de Janeiro, 2040


Saí de casa cedo, hoje o dia estava deveras poluído e isto me lembrava, que por mais que o homem se dedicasse com seus planos e metas para diminuir a poluição, de nada adiantava seus esforços. O rádio anunciava novo recorde de "tráfego estacionário", como gostavam de dizer os "entendidos", pra mim era engarrafamento mesmo.

Arrumava-me aguardando notícias mais atraentes, particularmente, sobre o futebol, pois Botafogo e América iriam disputar a Taça José Antunes Coimbra ou Taça Guanabara, como lembravam alguns historiadores.

...depois de driblar meus irmãos deitados cheguei ao banheiro. Pensava nas figuras que encontraria no bar, logo mais a noite...

...Vila Isabel amanhecia cinzenta.

Enquanto aguardava o ônibus, que parecia nunca chegar, acabei lembrando do meu avô e de seus comentários sobre o seu "Novo Rio". Ficava impressionada em ver como seus olhos brilhavam ao relatar sobre construções de novos hospitais, estádios, metrôs, complexos, conjuntos habitacionais, arenas e a revitalização do Rio para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Nunca disse nada a ele, mas pensava comigo, em como deveria ser difícil a vida naquela época, onde se convivia com enchentes, desmoronamentos, comando vermelho (seria esse o nome?) e aquela tal de...H1N1!!!

Apesar que, acho que daquele tempo pra cá, as coisas só mudaram de nome...

Naquele inferninho chamado de "Bar", eu passava a maior parte do meu dia. O Brasil e o Rio de Janeiro, particularmente, viviam uma das suas maiores crises do século, em se falando de violência. Os subempregos reinavam...

Pois bem, o dia foi um entrave só. Meu patrão insistia em querer transformar o chão, numa das sete maravilhas do mundo, as custas do meu sacrifício inútil, que ao final do último metro quadrado daquele horrendo bar, termino escutando que "não ficou bom".

São Cristóvão sempre foi e, pelo caminhar das coisas, sempre será esse bairro onde ninguém mora, mas onde muitos trabalham. E como tem gente perdendo o seu dia em bares como este. Aliás, tive medo quando vim trabalhar próximo a FAVELA DA BARREIRA!


Noite. Meus olhos pesavam, mas não conseguia ficar indiferente aos senhores, que entravam e sentavam em um canto. Pediam suas bebidas e conversavam baixinho. Eram os tais figuras...não arrisco em chutar as idades, mas deveriam de mais de setenta, cada um deles.

Versavam, mais uma vez, sobre coisas que eu não conseguia decifrar. Um deles tinha uma tatuagem no ombro e eu só a vi, pois ele mostrou aos outros integrantes da mesa.

Demonstrava orgulho ao bater naquela tatuagem. Mostrou-a e, logo depois, voltou a escondê-la.

...mas que símbolo era aquele?

Parecia-me uma cruz!

Que cruz era aquela?

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